Compadre do papa Francisco perde tudo em enchente na Argentina
Compadre do papa Francisco perde tudo em enchente na Argentina
Homem utiliza prancha de surfe para passar por rua alagada em Buenos Aires, nesta terça-feira (2). Uma forte tempestade deixou oito pessoas mortas, derrubou árvores e danificou casas na capital argentina (Foto: Enrique Marcarian/Reuters)
A enchente que devastou a cidade argentina de La Plata, a 50 km de Buenos Aires, na última terça-feira (2) também acabou com todo o patrimônio de um ex-desempregado que se tornou amigo e compadre do papa Francisco, após conhecê-lo e ser ajudado por ele em 2003, durante a crise que levou a Argentina à moratória. A casa onde o assistente social Ezequiel Martinez, 34 anos, mora com sua esposa e cinco filhos foi inundada pela chuva que matou 51 pessoas no município. Ironicamente, Ezequiel e a família foram agredidos e hostilizados por serem amigos do pontífice.
"Quando chegamos ao local de distribuição de mantimentos, nos disseram para pedir ajuda a ele. Minha mulher foi agredida. Chegaram 40 colchões e nós não conseguimos nenhum. Além de todo o trabalho físico para limpar a casa, ainda temos que fazer um trabalho espiritual, porque isso machucou nosso coração", afirma Ezequiel.
Em 2003, ele fazia parte do contingente de 25% da população argentina que não tinha emprego e perambulava pela Praça de Maio para conseguir ajuda para comprar leite para sua filha. Em um dos principais pontos turísticos de Buenos Aires, ele viu e se aproximou do então cardeal Jorge Mario Bergoglio, para pedir ajuda.
O auxílio do sacerdote deu início a uma relação de proximidade entre os dois e Bergoglio se comprometeu a pagar o aluguel de uma casa para Ezequiel em La Plata, desde que ele terminasse o ensino médio. Na época, além de desempregado, o rapaz e sua família viviam de favor em uma igreja local.
Três anos depois, concluídos os estudos, o então arcebispo de Buenos Aires reconheceu o esforço e lhe comprou, novamente pagando do próprio bolso, uma pequena moradia em Berisso, distrito vizinho a La Plata.
Na época, o atual Papa Francisco já havia se tornado padrinho da menina. "Ele batizou minha filha e é padrinho dos outros quatro também, de coração", diz Ezequiel.
No mesmo terreno, ele começou a construir uma casa maior ao lado, que foi inundada pela chuva essa semana. A última vez em que falou com o atual pontífice foi no início de março, pelo telefone, quando conversaram sobre os papéis da ONG que o rapaz está montando para ajudar pessoas desassistidas da região.
"Fiquei muito contente com a escolha dele pelo Vaticano. Sempre nos falávamos. Ele me ligava domingos e feriados. Eu e minha esposa estávamos pensando em começar a juntar dinheiro para visitá-lo em Roma. Não acredito no que falam sobre a relação dele com a ditadura. Acredito naqueles que dizem que Bergoglio ajudou muitas pessoas perseguidas na época. É um homem de bem", afirma Ezequiel.
Hoje o Papa anunciou o envio de US$ 50 mil à cidade. "Fiquei sabendo e achei excelente, já que as ações do Estado não têm sido suficientes aqui", diz.
Agressões e hostilidade dificultam acesso à ajuda
La Plata, capital da província de Buenos Aires, a maior do país, foi arrasada na terça-feira à noite por um temporal que deixou 51 mortos e 400 desabrigados. Quase metade da população, de 650 mil habitantes, chegou a ficar sem água e sem energia elétrica, serviços que têm sido restabelecidos aos poucos.
Desde as chuvas, moradores de diversas cidades argentinas têm se mobilizado para mandar roupas, artigos de higiene, alimentos e água às vítimas, em uma corrente de solidariedade que tem sido destaque na imprensa do país.
A presidente Cristina Kirchner, cuja mãe ainda vive na cidade e que morou em La Plata quando criança, visitou a área afetada. O governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, e a ministra de Desenvolvimento Social, Alicia Kirchner, também foram ao local.
Os três políticos ouviram pedidos de ajuda de parte dos moradores e foram hostilizados por outros. Há relatos de saques e de aumento no preço de produtos de primeira necessidade.
Ezequiel e a família têm sido vítima do clima agressivo que se instalou em algumas localidades de Berisso. Há relatos de saques e agressões.
"As pessoas veem pela televisão a chegada de ajuda e muitas, desesperadas, ficam violentas. Outras fazem parte de agrupações que tentam fazer política em uma hora dessas", diz Ezequiel.
Fonte: UOL
Homem utiliza prancha de surfe para passar por rua alagada em Buenos Aires, nesta terça-feira (2). Uma forte tempestade deixou oito pessoas mortas, derrubou árvores e danificou casas na capital argentina (Foto: Enrique Marcarian/Reuters)
A enchente que devastou a cidade argentina de La Plata, a 50 km de Buenos Aires, na última terça-feira (2) também acabou com todo o patrimônio de um ex-desempregado que se tornou amigo e compadre do papa Francisco, após conhecê-lo e ser ajudado por ele em 2003, durante a crise que levou a Argentina à moratória. A casa onde o assistente social Ezequiel Martinez, 34 anos, mora com sua esposa e cinco filhos foi inundada pela chuva que matou 51 pessoas no município. Ironicamente, Ezequiel e a família foram agredidos e hostilizados por serem amigos do pontífice.
"Quando chegamos ao local de distribuição de mantimentos, nos disseram para pedir ajuda a ele. Minha mulher foi agredida. Chegaram 40 colchões e nós não conseguimos nenhum. Além de todo o trabalho físico para limpar a casa, ainda temos que fazer um trabalho espiritual, porque isso machucou nosso coração", afirma Ezequiel.
Em 2003, ele fazia parte do contingente de 25% da população argentina que não tinha emprego e perambulava pela Praça de Maio para conseguir ajuda para comprar leite para sua filha. Em um dos principais pontos turísticos de Buenos Aires, ele viu e se aproximou do então cardeal Jorge Mario Bergoglio, para pedir ajuda.
O auxílio do sacerdote deu início a uma relação de proximidade entre os dois e Bergoglio se comprometeu a pagar o aluguel de uma casa para Ezequiel em La Plata, desde que ele terminasse o ensino médio. Na época, além de desempregado, o rapaz e sua família viviam de favor em uma igreja local.
Três anos depois, concluídos os estudos, o então arcebispo de Buenos Aires reconheceu o esforço e lhe comprou, novamente pagando do próprio bolso, uma pequena moradia em Berisso, distrito vizinho a La Plata.
Na época, o atual Papa Francisco já havia se tornado padrinho da menina. "Ele batizou minha filha e é padrinho dos outros quatro também, de coração", diz Ezequiel.
No mesmo terreno, ele começou a construir uma casa maior ao lado, que foi inundada pela chuva essa semana. A última vez em que falou com o atual pontífice foi no início de março, pelo telefone, quando conversaram sobre os papéis da ONG que o rapaz está montando para ajudar pessoas desassistidas da região.
"Fiquei muito contente com a escolha dele pelo Vaticano. Sempre nos falávamos. Ele me ligava domingos e feriados. Eu e minha esposa estávamos pensando em começar a juntar dinheiro para visitá-lo em Roma. Não acredito no que falam sobre a relação dele com a ditadura. Acredito naqueles que dizem que Bergoglio ajudou muitas pessoas perseguidas na época. É um homem de bem", afirma Ezequiel.
Hoje o Papa anunciou o envio de US$ 50 mil à cidade. "Fiquei sabendo e achei excelente, já que as ações do Estado não têm sido suficientes aqui", diz.
Agressões e hostilidade dificultam acesso à ajuda
La Plata, capital da província de Buenos Aires, a maior do país, foi arrasada na terça-feira à noite por um temporal que deixou 51 mortos e 400 desabrigados. Quase metade da população, de 650 mil habitantes, chegou a ficar sem água e sem energia elétrica, serviços que têm sido restabelecidos aos poucos.
Desde as chuvas, moradores de diversas cidades argentinas têm se mobilizado para mandar roupas, artigos de higiene, alimentos e água às vítimas, em uma corrente de solidariedade que tem sido destaque na imprensa do país.
A presidente Cristina Kirchner, cuja mãe ainda vive na cidade e que morou em La Plata quando criança, visitou a área afetada. O governador da província de Buenos Aires, Daniel Scioli, e a ministra de Desenvolvimento Social, Alicia Kirchner, também foram ao local.
Os três políticos ouviram pedidos de ajuda de parte dos moradores e foram hostilizados por outros. Há relatos de saques e de aumento no preço de produtos de primeira necessidade.
Ezequiel e a família têm sido vítima do clima agressivo que se instalou em algumas localidades de Berisso. Há relatos de saques e agressões.
"As pessoas veem pela televisão a chegada de ajuda e muitas, desesperadas, ficam violentas. Outras fazem parte de agrupações que tentam fazer política em uma hora dessas", diz Ezequiel.
Fonte: UOL
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